Num dia especial, um poema especial...
VERDE
O homem do povo descreveu as folhas como sendo verde-água.
Ao evocá-las no seu romance, o escritor as definiu verde-esmeralda.
Quando se fez o filme baseado naquela história, o realizador pediu
aos actores que apareciam debaixo da árvore
para que vestissem roupas a condizer com o verde-hawai das folhas.
Os trabalhadores que retiravam os cenários, mal-humorados
e sonolentos,
Já ninguém se lembra dela, mas a árvore permanece no seu sítio.
Viu engrossar a sua cortiça e cresceu alguns centímetros.
Presa sem mérito ao solo recebe agradecida a chuva, balança
com o temporal e dá sombra a quem se aproxima.
Não sabe que inspirou um livro ou que apareceu num filme.
Se fosse um homem diríamos que é dessa espécie de sábios
que ignoram os adjectivos que qualificam cada verde que vêem.
Rafael Camarasa, in El Sitio Justo/O sítio justo, edição bilingue. Obra vencedora do Prémio Palavra Ibérica. Tradução de Tiago Nené.
Se gostou deste post, considere subscrever o nosso feed completo.
Ou entao subscreva a Casa dos Poetas por Email!