CARTA A EGITO
Escrevo-te, Egito, como se não tivesses
partido, em dor quase feliz, para outra morada
um pouco mais longe mas também
em redor, uma coisa enrolada
na casca do coração. Por isso, o que sinto agora,
é um luto luminoso. Um pacto natural. Conversar contigo,
pedir-te conselho, lembrar-me que foste
um poeta prático
é coisa que vai continuar comigo
até ao fim. O teu rumor será apenas
um pouco mais tranquilo, mais subterrâneo.
Eu não sei se o amor tem algum poder
sobre a doença da morte mas sei que ela foi terna
contigo. Tu sabias. Nunca nos perguntámos,
Como amar? Como envelhecer? Como morrer?
embora eu soubesse que, melhor do que ninguém,
tu sabias - essas coisas que não se dizem
quando se conhecem. E até fiquei um pouco
contagiado. A morte é tão simples,
disseste-me um dia, como dizer Boa noite
ou Até amanhã (...)
-
IN-Ao Porto Colectânea de Poesia sobre o Porto
Adosinda Providência Torgal
Madalena Torgal Ferreira
Publicações Dom Quixote
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