OMNIUM SANCTORUM
Por vezes, as sombras jorram-me dos ouvidos
E inundam-me a face, escalpelada, sem máscaras
Que a protejam da chaga interior.
O véu de Maria Madalena encobre-me o coração
Como tempestades num mar encarcerado.
Depois, guindastes de céus estranhos elevam-se
Das trevas, são curto-circuitos no vazio.
RITMO COMPULSIVO
Um tremor de terra
nos ouvidos,
o seu ritmo tarso
na pele que se eriça,
o gesto que me faz ser
no meio dos cacos
Rostos
rostos obscuros
que se desfazem,
à minha volta,
contra os muros gelados
das facas no peito
O corpo esquartejado,
à beira da praia,
uma armadura de vazio,
o mundo lá dentro
como um mapa de caranguejos
ou bocas que expelem fogo
Saliva em brasa
Lagos gelados
quebrando-se sob o peso
da obsessão
do explorador nocturno,
na ânsia da bússola acesa,
no seu desvario,
no eritema da máscara
ARTE POÉTICA
Nos bosques das
madrugadas do verão
colhes nevoeiros
É que o poema também
precisa disso
para que o verso
tenha dureza e elasticidade
Depois, retesas o arco
e o horizonte vibra em
suas etéreas arcadas
A liberdade é agora uma
antiga praça
Ao centro, um fontanário
e sorridentes crianças
Luís Costa é um poeta que muito apreciamos. Aconselhamos vivamente uma visita ao seu reino da criatividade.
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