LAGARTOS
Eu: assim começa o poema
Eu vi ontem, sem ir muito longe, um lagarto feliz.
Claro, afirmar que vi um lagarto
e que esse lagarto é feliz são afirmações que,
apesar da sua coerência, parecem
impróprias de mim.
Tudo pode explicar-se razoavelmente
se tomarmos por indubitável a primeira
afirmação, a primeira certeza:
certamente, ontem vi um lagarto.
Com alguma indulgência, ante mim,
ante o lagarto,
alguém podia crer sem qualquer ciência
na existência de lagartos felizes,
e quanto a isso, não custa nada convencer-se
de que um de nós é o lagarto feliz que vi ontem
dentro da relva,
desde a margem,
sobre o telhado.
Pena que ontem não tive tempo
de sair desta casa sem janelas.
in Mientras Tú Cantas
(tradução de Tiago Nené)
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