Luís Serguilha nasceu em Vila Nova de Famalicão em 1966. Poeta e ensaísta, é também autor de diversos textos criativos sobre literatura contemporânea brasileira. Coordena uma academia de actividades físicas e de danças urbanas. Colaborou durante vários anos nas Jornadas de Arqueologia - Investigação da Cultura Castreja e foi um dos pioneiros das "Bibliotecas de Jardim". Obteve o prémio de literatura Poeta Júlio Brandão. Publicou, entre outros livros de poesia, O Périplo do Cacho, O Outro, Embarcações, O Externo Tatuado da Visão, Lorosa’e Boca de Sândalo, O Murmúrio Livre do Pássaro, A Singradura do Capinador e Hangares do Vendaval. Publicou ainda o livro de de narrativa Entre Nós.
HANGAR 7
A águia da cicatriz funda o redemoinho da fronteira para aventurar-se nos quarteirões-bombeiros da púbis guerreira
e os selos dos fluxos hospitalares estendem as odontíases dos historiadores de elefantes nas escadas lapidadas
das vinhas mais próximas dos reclames oviformes das docas industriais
onde os mortalhas de cobalto-baptismal restauram a culinária dos estúdios mímicos
sobre as ultimas transferências das incrustações solares
As nadadoras de calendários-fósseis maceram os sombreados dos parapeitos
onde a secretária delinquente do silêncio emaranha-se
numa constelação de olhos-diamantes
prestes a crescer na pausa do hotel-látego
que singelamente tropeça no utensílio da astronómica masseira
dos autocarros pintalgados pelas virilhas dos helicópteros universais
Todos juram que viram um longo piano de chuva asilada
na diligência espiralada dos cirurgiões de trópicos e os pássaros cientes dos turistas de estaleiros fornicadores
ornamentam os catálogos narcóticos
com as guloseimas das serpentes entremeadas de louças-trompas-radioactivas
onde os abdomens-acervos das radiofonias
constroem gaiolas espadaúdas com as lâmpadas ensanguentadas
pelas tarifas ocasionais das trepadeiras
Todos examinaram as frinchas dos telefones de chocolate
para consagrarem a solidão das carruagens nos volumes dos superintendentes naufragados
sobre o palanque lacrado no pedigree da arteriosclerose
Depois derramaram claramente
o peitilho das ferramentas telegráficas
nos andamentos da geologia inominada onde as falangetas da exausta porta reinventam as máquinas convulsas
das estrelas sobre o abismo mandibular das borboletas-conexões
A clavícula-violino do vendaval ressurge embalsamada na gula compassiva dos gestos-URANÓLITOS como as varandas PRECIPITADAS dos peixes a ocultarem o vocabulário das cordilheiras na dilatação dinâmica das salas agrícolas
Um tubo assustadoramente vegetal incandesce as homenagens das caligrafias cabalísticas enroscadas no vapor das calosidades dos bois
e o mergulhador de camisas de electricidade regressa hidrópico de molas da claridade
porque as gemas das feras pincelam lunarmente
os gladíolos das colmeias (DAS CURTAS
METRAGENS-CARROSSEL LANCELOLADO ENTRE A DESFLORAÇÃO DO MAPA-MUNDI)
As munições progenitoras dos vestíbulos da menstruação RUTILAM
as lavadeiras dos damascos pulmonares
(alfarrobeira pluriaberta nos translúcidos talentos dos holofotes maternais)
As descrições das auto-entrevistas dos seios cavalgam milimetricamente
ao absorverem as picadas aguacentas dos animais
defendidos
pelo desenho disfarçado dos pulsos esvoaçantes
(AS ROCAS dos insectos peregrinos se desmoronam silenciosamente
entre os pavios das fístulas dos computadores)
A pontaria solitária dos excrementos das luzes retalha os mecanismos
das leitosas paredes historiando a nomeação da emergência dos torvelinhos
Parecem os compassos das pálpebras a resplandecerem
no café dos pequeníssimos abismos onde os silenciadores das pulsações emigram diversamente
entre os ziguezagues das lâmpadas das sombras
como a evaporação da insonolência dos vendedores a sorver as sardas transparentes das braçadeiras-glosadoras dos uivos
A erupção dos dormitórios-húmus pressente os brincos dos epiciclos
que dependem dos ovários crescentes das lágrimas aeroportuárias
(UMA cova de manta QUADRICULADA
a inclinar-se nas térmitas das catanas mutiladas
pela sinalização do sémen dos itinerários sonambúlicos
como se o marulhar da ancianidade dos tambores fosse o manancial inesgotável dos cães PISTEIROS
como se o silvo das costureiras das fanfarras esqueléticas esquadrinhassem as braçadas do relâmpago(AÇUCAR-PROFUSÃO) deserdado ocasionalmente na bebedeira das serpentes
como se os lábios dos peixes das sílabas acumulassem as garras
dos pirilampos nucleares nas navalhas desarrumadas dos neurónios-celeiros
como se as poeiras altivas dos lubrificadores de fendas estilísticas interrogassem os acordeões das rosas-teatro concentradas
nas auto-estradas hipnóticas dos rostos)
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