03
Fev 09

CONTOS.2

 

Platão deitava-se

Insone

Olhos postos no tecto

pelo corpo só os indispensáveis movimentos À

sua direita uma telefonia

e cigarros acumulados num mínimo cinzeiro

Platão ficava noites seguidas assim:

a ouvir, concentrado, os ruídos da rua

: homens do lixo

: cães ladrando ao longe

: um ou outro gato rosnando em briga

Por vezes

, uma vizinha gritava com o marido

Não

Para platão as noites nunca eram iguais

simplesmente nunca tinha sido ensinado a adormecer

No telheiro da janela

quando uma família de pombos

despertava, platão sabia

que chegara o momento de se erguer

apanhado na emboscada de um sol que nasce

de uma lua que se deixa apagar

Já levantado seguia para mais um dia

Dias de coração demasiado lento

preso à vontade de à noite voltar

e

insone

se deitar

 

Frederico Mira George

 

 

 

Se gostou deste post, considere subscrever o nosso feed completo.

Ou entao subscreva a Casa dos Poetas por Email!

postado pelo Casa dos Poetas às 21:22

Mais

Comentar via SAPO Blogs

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.


PARCEIROS
pesquisar neste blog
 
Membros no activo
Ana Luísa Silva / Joana Simões / Ana Coreto / José Eduardo Antunes / Tiago Nené
arquivos
Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

links
blogs SAPO