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Nov 08

Rui Almeida, vencedor da primeira edição do Prémio Literário Manuel Alegre, organizado pela Câmara Municipal de Águeda, sua terra natal, chegou à Casa dos Poetas na tarde de ontem e respondeu a algumas questões. Aqui publicamos o que resultou desta nossa conversa e, no final, um poema do autor.

 

 

"Lábio cortado" é o nome da obra vencedora do Prémio Manuel Alegre. Como o descreveria?

 

Não sei se fará muito sentido descrever um livro, muito menos sendo o autor. Resumindo: trata-se de uma série de poemas q foram ganhando uma certa unidade enquanto conjunto.

 

 

Manuel Alegre é um poeta que faz parte das suas influências? quais são as influências, em termos de autores, mais visíveis nesta obra?

 

Sou um leitor de poesia. Aliás, vejo-me muito mais como leitor do que como autor. Gosto da poesia de Manuel Alegre e certamente q isso me influenciará. Não sei explicar, nem sequer elencar nomes.

 

 

Já existe alguma informação sobre a publicação do livro? (datas, editora, etc)

 

Acerca disso ainda não sei nada. Mas gostava de ver o livro publicado, obviamente.

 

 

O que é para si a "novíssima poesia portuguesa"? sente-se integrado nela?

 

Essas questões geracionais acabam sempre por provocar discussões acaloradas e, a meu ver, estéreis, pelo menos a quanto a um certo tom que se tem usado.

O facto de se viver num mesmo tempo, num mesmo contexto, faz com q se tenha, certamente, muitos pontos de contacto, mas depois há a criatividade e o ser único de cada um. As pessoas encontrar-se-ão em grupos conforme as afinidades que forem encontrando e se assim o quiserem.

Como disse... eu sinto-me, acima de tudo, um leitor, e ainda é estranho estar a ver-me integrado no que quer que seja.  Tenho amigos - uns escrevem poesia, outros não - alguns nem querem saber dela para nada. Eu sou dos meus amigos, é nesse grupo que me enquadro. Tenho feito Amigos por causa da poesia, mas isso não tem a ver com grupos ou gerações. Como digo no poema que aprendi com o Henrique Fialho: "Porque só as pessoas se amam, / Não a corrosão dos sintagmas ou as vírgulas, / Nunca o prestígio, a ilusão da cor do nome / Ou a sucessão de submissões"

 

Tem projectos para o futuro no campo literário?

 

Bem... o projecto é viver, é daí q nasce isso do "literário".

 

 

 

HENRY MOORE

 

I.

 

Toco a minha rótula com os dedos

e desejo que tudo o que existe me obedeça,

que a pedra se ajeite ao tacto e à ternura,

que um abraço seja água em forma de concha.

 

II.

 

Toco o crânio de um pássaro, o seu bico,

pontiagudo e maciço em harmonia

com a rudeza da corda. O seio, as ancas,

a criança inteira nas mãos da mãe.

 

III.

 

Vários corpos simultâneos se tocam,

se antevêem ruínas, se libertam.

Um corpo dúctil e amplo reclinado

quando a sede cresce da postura redonda.

 

 

In Lábio Cortado, de Rui Almeida (ainda não editado em livro)

postado pelo Casa dos Poetas às 10:00
Canção:: coldplay - gravity
Poesia e Alguns dos Poetas da Casa: ,

2 recitais:
Um blog de grande expressão literária.

Cumprimentos,
maria azenha
maria azenha a 14 de Novembro de 2008 às 12:47

Gostava de adquirir esta obra, sabem como poderei fazer?
Pessoa não identificada a 17 de Novembro de 2009 às 14:47

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